Uma avaliação comparativa entre as Universidades de todo o mundo é um tema que interessa aos governos, às pessoas em geral e sobremaneira à essas instituições.
Em 2003, surgiu a primeira classificação comparativa entre universidades, segundo artigo apresentado pelo The Economist, em maio deste ano, quando o governo da China buscava criar uma Universidade de Classe Mundial, naquele país.
Esta classificação despertou um impulso competitivo sobre o que existe de melhor em matéria de educação. A curiosidade de um enorme numero de pessoas foi aguçada, e governos das mais remotas regiões do planeta se interessaram nas informações, pois são raros os dados sobre o assunto.
Nos USA existe mais de 20 empresas que fornecem tabelas comparativas, entre elas a US News & Global, porém com o surgimento da chinesa, Shangai, The Times Highter Education (THE), a competição cresceu tanto que levou à uma disputa além das universidades e atingiu até os próprios governos.
Ao publicarem os rankings, a Europa apresentou fraco desempenho e a Alemanha, onde esta sediada a moderna universidade de pesquisa anunciou em 2005 a criação de Exzellenz que visa canalizar verbas para instituições que potencialmente venham a ser Universidades de Classe Mundial. Imediatamente a China e a Alemanha apostaram em programas de excelência para se colocarem com destaque no cenário mundial.
Começou assim uma competição em todo planeta, baseada principalmente no pragmatismo econômico e no orgulho nacional. Países ricos e de renda média iniciaram a criação de algum tipo de excelência, entre estes a Índia, onde foi anunciado que 20 instituições objetivavam a Classe Mundial.
Entre os países que estão financiando a criação dessas Universidades destaca-se França, China, Singapura, Coreia do Sul e Taiwan. Por outro lado, a Nigéria pretende obter duas universidades de Classe Mundial, e a Rússia está disposta a ter 5 das 100 melhores do mundo.
Nas classificações mais altas encontra-se, obviamente, os USA, com três, e os britânicos com duas, ocupando assim os cinco primeiros lugares do Mundo.
Observa-se um nítido crescimento da China que tem 45 universidades entre as 500 e duas entre as 30 primeiras. Como sempre acontece, a América Latina e a Europa oriental lamentavelmente ficam para trás.
Esses rankings ou classificações das Universidades, fizeram com que países que haviam sub estimado e negligenciado a educação, percebessem que haviam falhado com seu povo e haviam perdido importante corrida global.
A partir daí os governos se tornaram conscientes sobre a denominada economia do conhecimento e compreenderam que as grandes universidades são verdadeiros motores propulsores de uma prosperidade futura, geradoras de capital humano, criadoras de ideias e gestoras da inovação.
A economia do conhecimento, sem dúvida, origina lideranças internacionais nas diversas áreas, inclusive formuladores de politicas publicas, como lembra Hernan Chaimovich, no jornal O Estado de São Paulo, em outubro de 2017. Importante lembrar que no mundo contemporâneo as nações que dominam a criação e aplicação do conhecimento, são as que conseguem criar melhores condições para seu povo.
No Brasil, já há alguns anos, especialistas defendem o desenvolvimento de universidades de Classe Mundial, porém poucas instituições do país possuem condições mínimas para dar um salto de qualidade.
A ciência para ser de ponta precisa de investimentos, e necessário se faz garimpar para se escolher quais universidades tem perfil para trilhar o caminho da internacionalização. Algumas são apontadas como USP, UFRJ, UFMG , UNICAMP e UFRGS. Para isso seria necessário enfrentar desafios, uma vez que vem sendo observada nos últimos anos uma tendência de queda nas curvas de impacto da ciência brasileira.
Certamente, um dos mais sérios óbices para o Brasil trilhar esse caminho é a péssima qualificação do ensino básico, onde os professores, fora legitimas exceções, possuem uma duvidosa formação acadêmica e estão contaminados por extremismos políticos que acabam levando para as salas de aula. Tudo isso é agravado por salários degradantes que os desestimulam a exercer o papel fundamental de educadores.
Aqueles que conseguem chegar a universidade brasileira, exceções a parte, deparam-se com cursos defasados da realidade cientifica e tecnológica internacional. Repete-se no ensino superior o que ocorre no básico, deixa-se de lado a excelência acadêmica para voltar-se as questões de cunho ideológico.
O resultado não poderia ser outro, perde-se, mais uma vez, o bonde da História. Enquanto o mundo cresce em direção à Economia do Conhecimento o nosso País continua com sua velha sina, contentando-se em ser o celeiro do mundo, enquanto espera que algum dia, quem sabe, o gigante acorde de seu berço esplêndido.
Rosa Maria Donini Souza Dias, M.Sc. Two Flags Post, Founder, Sciences, Health, Education & Environment Editor, Journalist – Mtb 0083570/SP/BR, IAL Scientific Researcher