Vem o candidato com riso farto, Promete o céu, a lua, o mar,
Diz que em seu peito há sempre um quarto
Pra todo pobre morar,
E, troca o invade por ocupa.
Mas não te enganes, ó povo esperto,
O que parece perto, está mais longe que o horizonte aberto.
Fala de ônibus sem pagar centavo,
De metrô leve como a pluma,
Diz que no bolso sobra o centavo,
Pois “cidade subterrânea” já é suma.
Mas quem conhece bem do ofício,
Sabe que falta o feitiço
Para fazer da mágica, serviço.
Ciclovia que corta o centro,
Rios despoluídos de norte a sul,
Crê o incauto que no advento,
Vai São Paulo ter azul no azul.
Mas o Pinheiros que corre fétido,
Lembra ao povo o erro ético,
De quem vende sonho cosmético.
E no país do sol brilhante,
Promete-se escola que gela e aquece,
Mas, esperto, cuidado ao escutar:
Chamam escola de “CEU” pra te enganar,
E a estrutura que dizem completa,
Mal sustenta o básico que afeta,
Goteja a chuva, e o futuro se arrasta.
E lá em São Paulo, o candidato oportunista,
Critica a chuva e o apagão,
Finge não ver que o contrato à vista
Com a ENEL veio de outra mão.
O nome italiano mal sabe pronunciar,
Mas a culpa, ninguém anuncia,
Pois apontar o erro desfaz a malícia.
Ah, mas estranho é ver comunista,
Que sempre disse D´US negar,
Agora, em palanque, ser altruísta,
Falando Dele pra votos ganhar.
Que contradição mais cínica,
Em nome de uma doutrina empírica,
Vestem fé como tática política!
Ah, eleitor de fé tamanha,
Que vês nos slogans o teu consolo,
Lembra que promessa estranha,
Não enche barriga nem salva o solo.
Cuidado com a fala ligeira,
Que na urna é verdadeira,
Mas na prática, só vira asneira.
Promete o candidato mil mudanças,
Mas o que muda é o próprio bolso.
O povo vota em esperanças,
E colhe o mesmo desgosto grosso.
Portanto, caro, vai com calma,
Vê se a razão acalma,
E não caias na trama,
Para o futuro salvar!!!