É de se ficar pasmo! Há poucos minutos atrás durante o almoço assisti o que considero uma aula de jornalismo às avessas. A apresentadora Maria Coutinho Beltrão, do programa Estúdio I, deixou de lado seu juramento profissional e fez uma verdadeira apologia a manifestação de estudantes e professores contra o contingenciamento de verbas na área educacional. Insistindo que o movimento era também contra a nova previdência.
Interessante que seu colega Valdo Cruz, em um momento de feliz lucidez, mostrou didaticamente que o governo não tinha outra saída além de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, instituída em 2002. E foi além, mostrando que nos governos petistas por diversas vezes se foi obrigado a contingenciar verbas. Para o jornalista o erro estava na maneira como o assunto foi tratado, dando margem a outras especulações que encobriram o l fato gerador: a herança financeira herdada dos governos anteriores.
A apresentadora deixou tudo isso de lado para se mostrar indignada com as afirmações do Presidente da Republica, em Dallas, quando afirmou que “É natural, é natural, mas a maioria ali é militante. Se você perguntar a fórmula da água, não sabe, não sabe nada. São uns idiotas úteis que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo das universidades federais no Brasil.”
Repetiu incessantemente que o Presidente chamou os estudantes de “idiotas uteis”, descontextualizando, usou a frase como palavra de ordem para atiçar as ruas.
Isso não é papel de uma jornalista – atuar panfletariamente defendendo um dos lados da noticia – muito menos de uma empresa jornalística, que não tem a capacidade editorial de orientar seus profissionais.
A sociedade brasileira, em parcelas crescentes, quer saber quais as razões para uma empresa de capital aberto, dona de meios de comunicação, estimular movimentos francamente contrários ao sistema que a fez acumular tamanha riqueza? O que de fato se esconde atrás dessa atitude suicida? Certamente não é uma admiração a regimes autoritários como os de Cuba, Venezuela ou Coreia do Norte, muito menos uma postura ideológica do quanto pior melhor. Então, o que será?