Na madrugada de uma Venezuela silenciada pelo medo, o som que ecoou não foi o de tiros, mas de liberdade. Codinome “Operação Guacamaya” — como a arara que voa livre nos céus do Caribe —, o plano meticulosamente arquitetado por agentes ligados à inteligência norte-americana e aliados regionais resultou em um feito que parecia impossível: a extração, sem um único disparo, de cinco opositores políticos da embaixada da Argentina em Caracas, onde estavam isolados há mais de 400 dias.
Tudo começou quando Nicolás Maduro partiu em visita oficial à Rússia. O timing era mais que uma coincidência: era a brecha perfeita. A Venezuela, com sua inteligência distraída, viu-se vulnerável. E foi nesse vácuo que a ação se desenrolou. Silenciosa. Precisa. Letal, do ponto de vista político.
Fontes próximas à operação, ouvidas sob sigilo por agências internacionais, afirmam que a entrada dos comandos foi facilitada por vias logísticas pouco ortodoxas — talvez subterrâneas, talvez aéreas. O fato é que, em poucas horas, os cinco asilados — aliados próximos da líder María Corina Machado — desapareceram da embaixada. O Brasil, que mantinha a custódia informal da missão diplomática argentina após o rompimento entre Buenos Aires e Caracas, não foi notificado. E esse silêncio tornou-se a maior prova de que há momentos em que a prudência não é virtude, mas omissão.
O impacto do resgate foi ainda mais simbólico quando, horas depois, uma cena inesperada tomou os bastidores diplomáticos: Corina Parisca, mãe de María Corina, 85 anos, sob vigilância constante do regime, foi vista embarcando discretamente em um voo para Bogotá, em cadeira de rodas. O governo venezuelano chamou de “viagem autorizada por razões humanitárias”. Mas nos corredores da resistência, o que se viu foi outra missão — de menor alarde, mas igual heroísmo. Para os que lutam por liberdade, foi o equivalente a resgatar a “rainha-mãe” de uma nação em exílio.
Não houve pronunciamentos oficiais de Caracas. E como sempre ocorre com os regimes autoritários, o que não se diz pesa mais do que qualquer discurso. Já em Washington e Buenos Aires, as palavras vieram carregadas de propósito. Javier Milei agradeceu aos EUA. Marco Rubio, senador norte-americano, descreveu a missão como “uma resposta estratégica à tirania latino-americana”.
Mas o que esse episódio nos revela vai além do roteiro digno de um filme de espionagem. Ele lança luz sobre uma verdade incômoda: em tempos de censura, exílio e repressão, a Liberdade de Expressão precisa de aliados — e, às vezes, de operações. Mostrar solidariedade não basta. É preciso agir. Garantir rotas de fuga. Proteger vozes. Resgatar consciências.
O Ocidente começa a entender que discursos não bastam. Democracia se defende com diplomacia, sim — mas também com coragem, precisão e, quando necessário, ação direta. A “Operação Guacamaya” foi isso: uma declaração silenciosa de que os regimes autoritários não são intocáveis. E de que a liberdade, ainda que acuada, sempre encontra uma saída.
O nome disso é honra. O gesto disso é solidariedade. O símbolo disso é a mãe de María Corina deixando o país de cabeça erguida. E o futuro disso — se os democratas tiverem coragem — é um continente onde jamais será preciso invadir uma embaixada para salvar uma ideia.