O século XXI com o advento de novas tecnologias da informação provocou uma revolução no mundo da notícia, modificando profundamente a maneira das pessoas se informarem.
Já é coisa de antigamente ler jornais e revistas ou aguardar os noticiosos do rádio e da televisão para se saber o que está se passando no mundo, no país ou na vizinhança.
Hoje, graças principalmente a genialidade de Steve Jobs, é possível ficar por dentro das coisas através de dois ou três toques na tela do celular. Tudo simples assim.
As redes sociais fazem o resto e garantem a divulgação de noticias mundo afora.
Antes mesmo da consagração de tais tecnologias, a rapidez da noticia e da capacidade de mobilização social já ocorria pelo celular. É o caso da chamada Primavera Árabe, nome dado aos protestos, revoltas e revoluções populares contra governos daquela região que eclodiram em 2011.
A última eleição presidencial nos USA usou e abusou desses instrumentos e até hoje se discute a ingerência da Rússia no processo eleitoral e a difusão de noticias falsas, rotuladas de fake news pelo novo presidente.
Até aí nenhuma novidade. Em diferentes momentos da História tais expedientes foram usados. É conhecida a frase: “Na guerra, a primeira vítima é a verdade“. A autoria é controversa, mas o que mudou foi a velocidade com que é divulgada e aprovada como uma verdade absoluta através das redes sociais.
Entretanto, é bom que se compreenda que noticia, é muito mais do que isso. Para as grandes redes de jornais, revistas, rádios e televisões é seu produtoquase que exclusivo. No Brasil e no mundo existem empresas que divulgam durante as 24 horas noticias que editoram, transmitem e vendem. Com o advento das redes sociais a competição pelo produto noticia só se fez aumentar.
Entre essas empresas existe – como não poderia deixar de ser – uma saudável concorrência. A não ser em países autoritários, como Cuba, que possuem apenas a imprensa oficial ou naqueles, como a Venezuela, que estabeleceram o controle da mídia, como aliás o PT sempre defendeu.
As chamadas fake news prestam um desserviço para a Democracia e, portanto, devem ser mostradas e combatidas. Mas necessário se faz, também, lembrar que o que aparece nas redes sociais não são apenas mentiras e manipulações.
É comum hoje nos USA e no Brasil acusar os adversários pelo uso de tais expedientes, mesmo que isso não ocorra. Esses artifícios são tão prejudiciais quanto a mentira, pois conscientemente servem para denegrir, constranger, amedrontar e paralisar as pessoas.
O melhor controle da veracidade pode e deve ser feito pelo próprio usuário das redes sociais que está apto a checar as informações através de buscadores, hoje largamente usados, como google, yahoo, bing, ask, além de outras fontes e formas de checagem.
Surgiu recentemente o projeto chamado “Comprova“– uma coalizão de 24 veículos da mídia brasileira é um desses instrumentos para combater a disseminação de rumores e noticias falsas durante a campanha eleitoral de 2018.
Certamente o Comprova tem um papel fundamental na preservação da verdade, desde que seja usado com a mais absoluta lisura e isenção. Mas é inadmissível deixar nas entrelinhas que a única fonte da verdade está na grande imprensa, fazendo que essa paire como um leviatã da notícia, o grande instrumento que como um grande irmão poderá guiar a todos em direção da verdade.
É comum ler ou assistir na grande mídia que se deve ter cuidado com tudo o que se lê nas redes sociais. Perfeito, mas se deve ter o mesmo cuidado ao ler os jornais e assistir noticiários televisivos, pois muitos distorcem a verdade ou a apresentam de forma incompleta e tendenciosa.
Fatos recentes mostram o porque de tais preocupações. O Comprova colocou o carimbo de enganoso em casos de discordância de métodos de analise, deixando ao leitor a impressão de tratar-se de um farsante.
Analisando atentamente o conteúdo publicado, observa-se que os examinadores da verdade, se assim podem ser chamados, apenas discordam do método utilizado pelo autor e de suas conclusões e não de intensões malévolas, como fica subentendido.
É necessário estar alerta para evitar transformar o Comprova em um tribunal do santo ofício, onde se queimam reputações em nome de uma verdade que não é absoluta. Mas, acima de tudo, se espera que não esteja a serviço interesses espúrios.