A África, é um continente que congrega vários países, em sua grande maioria, em situação de penúria e miséria, em que pese serem abastados, do ponto de vista de recursos naturais. Ocupa uma extensa e estratégica porção territorial (aproximadamente 30 milhões de quilômetros quadrados, que corresponde a cerca de 21% da área total de terra firme do planeta), circunscrita entre os oceanos Atlântico, Índico e os mares Arábico e Mediterrâneo.
Tal continente, é famoso por sua rica historia, que inclui civilizações antigas, como o Egito, e vem sendo colonizado por vários países europeus desde do Séc. XV em busca de rotas comerciais para as riquezas do oriente(registros históricos indicam que o primeiro ponto dominado pelos portugueses foi Ceuta).
No Séc. XIX, a partir da decadência do Império Otomano, a França deu início à ocupação e colonização de uma grande parcela do território africano, cujo início ocorreu em 1830 com a tomada de Argel, sendo que a partir de 1960, sob severas condições, conseguiu manter sua influência e consolidou o sistema exploratório colonial, e desta forma, concedeu a independência aos territórios ocupados.
Recentemente dois países do continente depuseram seus mandatários, legitimamente eleitos, por intermédio de golpes de estado. Níger e Gabão, ambos declarados independentes da França em 1960, que embora bem providos de riquezas naturais, em especial urânio e nióbio, são países que apresentam baixíssimos índices médios de IDH (Níger com 0,394 e Gabão 0,648), aspecto este que posiciona a maioria de seus habitantes em um nível considerado como abaixo da pobreza.
Cabe ressaltar, que os golpes de estado citados acima, levados adiante com apoio explícito da Rússia, causaram um gigantesco temor na comunidade francesa e também, europeia, pois à partir do advento da Guerra da Ucrânia os referidos países, praticamente, deixaram de comprar gás e petróleo russo. Esses países passaram a substituir tais insumos pela energia produzida em usinas nucleares, cuja “matéria prima” é o Urânio, extraído de Níger. Em função da profunda crise energética que, ao que tudo indica, irá se instaurar, vários países da comunidade europeia que compram energia produzida pela França, também serão severamente afetados.
Como era de se esperar, a França, com apoio dos países membros da OTAN e de algumas nações africanas que ainda se encontram sob o jugo neocolonialista francês, anunciou que caso os presidentes depostos não sejam recolocados em seus postos, irá intervir militarmente nos países que se revoltaram. Entretanto, tal iniciativa não conta com o apoio de países como a China e, principalmente, da Rússia, que prometeram revidar, caso as intervenções militares se concretizem.
Um novo palco de tensão geopolítica já está montado, pois, de certa forma, a sobrevivência da França e de alguns países europeus, depende da solução desses problemas. Situação esta que, caso não venha a ser equacionada, pode alterar o “mapa das tensões mundiais” que podem culminar em um conflito de escala planetária. O “epicentro” de um possível conflito mundial, que até pouco tempo se situava na Ucrânia, em função da guerra que este país vem travando com a Rússia, poderá ser transferido para os países do continente africano, que há pouco tempo depuseram seus presidentes, através de golpes de estado.
Aguardemos os próximos movimentos dos players.
Muito bem explicado
Agradecemos pelo seus comentários
A abordagem da geopolítica passando pela África é esclarecedora.
Não há duvida, territórios ricos em seu subsolo são peças no xadrez internacional.