Bêbado e trôpego estava o equilibrista, já nem mesmo sabia de onde vinha, mas tinha uma certeza: “sem minha presença nada do que se fez se faria”.
Senhor de todas as coisas desta terra brasilis desafiava a tudo, pois sempre teve certeza absoluta que a Lei era para todos e a Justiça só para ele.
Agora, depois de muito beber e pouco dormir, longe do conforto das coberturas que lhe fazem ver tudo do alto, meio ensurdecidos pela algazarra e com os olhos mais vermelhos que sua verdadeira bandeira, se perguntou: “porque quando lá cheguei não me auto coroei o rei dos reis. Burro que fui!. Não importa, sempre é tempo, enganei muitos, e posso ainda enganar todos”
Puro engano, os tempos mudaram e o relógio da vida não anda para trás
Mas o que lhe faltava era coragem, sim, este cidadão que se quer superior a todos é um covarde de nascença. Entretanto, a luta pela sobrevivência e o exemplo de seus iguais espalhados pelo mundo lhe ensinaram a fazer dos outros verdadeiros escudos humanos, muletas que compensam as falhas de caráter. Usa e abusa de todos que transforma em degraus para manter-se em evidencia, não se importando nem mesmo se sua mulher, mãe de seus filhos, ou qualquer outro que lhe possa servir de anteparo.
Jactou-se sempre em transparecer que nunca roubou e que se considera o mais puro dos honestos da face da terra. Para ele e seus seguidores corrupção não é roubo, mas desapropriação, e sempre acreditou que os mimos bilionários eram uma forma de compensação pela luta que considera revolucionária e libertadora, um regalo natural pelo trabalho prestado. Afinal, a massa sempre compreenderá o papel das vanguardas, por mais velhacas que sejam, imaginava!
Mentiroso, sempre se deu mal pois sua memória é frágil. Ator de sí mesmo gostava, e gosta, da luz na cara, microfone na mão e um palanque grande para ficar andando de um lado para outro, impressionando a si mesmo com as pataquadas que inventava.
De repente pensou: “estou triste, como o palhaço velho que não mais arranca gargalhadas e aplauso. Estou com medo, com muito medo de ficar trancado comigo mesmo na cela ou na sala do alto comando e ser obrigado a ouvir as catacumbas do meu intimo dizer insistentemente que joguei fora toda uma existência, trai compromissos trazidos antes de chegar por aqui…”.
Tinha pavor em saber que em um outro plano seria cobrado por ele mesmo das coisas que se comprometera a fazer e que não fez, pela ambição, orgulho, vaidade, egoísmo e soberba. Sabia que do grande julgamento ninguém escapa, um frio correu pela sua espinha quando uma voz no fundo da consciência lhe perguntou se não sentia vergonha em pregar o socialismo para os outros, enquanto se deliciava com a mesa farta dos vícios que publicamente condenava.
A hora está chegando e o medo cresce só em pensar na cela ou na sala, sozinho no espelho da vida, que lhe mostra a pedra bruta que não teve a capacidade de polir. Ou, como diz o escritor que nunca leu…queimei meus navios como ei de voltar.
Agora, já é tarde demais para compreender que quanto mais absoluto é o poder, mais sórdido são os atos.
A hora derradeira está chegando, necessário se faz enfrentar o supremo tribunal da vida, onde não existem escudos, advogados super pagos, nem chicanas. Na sala ou na cela começará a assistir, em capítulos, o filme da própria vida. No final será obrigado a ouvir a sentença condenatória e sem habeas corpus, sem delongas e mídia, passará a cumprir a pena imposta. Essa é a Lei da Natureza, sempre Justa e Perfeita.
2018,April,07 – Uma data histórica para o Brasil
Ordo Ab Chao
Imagem: Folha de São Paulo