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Salve, São Paulo! Terra que o apóstolo Paulo abençoaria com suas palavras: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” Assim tem sido tua história, ó gigante das Américas, sempre combativa, sempre fiel ao destino de liderar e acolher. És mais que cidade: és locomotiva que, sem os vagões de teu povo, nada seria; mas, sem ti, máquina pulsante, o trem do Brasil estacionaria.

Nasceste aos pés de um sonho jesuíta, em 1554, entre as águas e a mata, entre o sagrado e o indomado. Cresceste com o suor de bandeirantes, cuja bravura e controvérsias moldaram teus primeiros passos. De colégio a vila, de vila a metrópole, cruzaste os séculos e os mares da história. És o grito e o eco de todas as eras que o Brasil viveu.

Em 1944, às vésperas do fim de uma guerra que mudou o mundo, já eras lar de mais de 1,3 milhão de almas. Oitenta anos depois, teu ventre abriga mais de 12 milhões de corações que pulsam no compasso de tua pressa, tua criatividade e teu caos. Aqui, todo dia é recomeço. Aqui, o futuro chega primeiro.

És a cidade onde o cimento floresce, onde o cinza da arquitetura encontra o colorido das culturas. Teus bairros são continentes, teus habitantes, mundos. Dos italianos do Brás aos japoneses da Liberdade, dos nordestinos da periferia aos estrangeiros de toda parte, teu povo traz consigo histórias que se entrelaçam na tapeçaria única de tua existência.

Tua bandeira, com o lema “Non ducor, duco” – “Não sou conduzido, conduzo” – simboliza tua essência de liderança e autonomia. E que cidade é esta senão a da coragem, do trabalho, da resiliência? O chão de um povo que ergue arranha-céus e constrói sonhos ao mesmo tempo.

São Paulo, és terra de todas as gentes. És refúgio e esperança. És o som das sirenes, o ritmo das máquinas, o burburinho incessante das feiras. És a madrugada que nunca dorme, a avenida que nunca cessa. És o grafite que colore os muros, o samba que ecoa nos becos, a poesia que corre nas veias de teus habitantes.

Tens defeitos, ó grande Sampa, como toda obra incompleta, mas é no contraste que reside tua força. Teus congestionamentos são o preço da tua abundância. Teus desafios sociais, o reflexo de teu gigantismo. Contudo, é também na adversidade que mostras tua alma, sempre capaz de acolher e renascer.

Obrigado, Senhor, pela dádiva de aqui nascer, formar nossa família, vê-la crescer, se desenvolver e contribuir com este solo, trincheira permanente em defesa dos valores sociais mais nobres, como a liberdade de se expressar e de todas as outras que compõem os valores fundamentais da família brasileira.

Neste dia, ao celebrar teus 471 anos, inclinamo-nos em gratidão e admiração. Porque tu, ó São Paulo, não és apenas lugar; és ideia, és movimento, és um hino inacabado que todos cantamos.

Parabéns, cidade de São Paulo, mãe e musa de todos que nela vivem.

Ode to São Paulo

Hail, São Paulo! Land that the Apostle Paul would bless with his words: “I have fought the good fight, I have finished the race, I have kept the faith.” Such has been your story, O giant of the Americas, always combative, always faithful to your destiny to lead and to embrace. You are more than a city: you are the locomotive that, without the wagons of your people, would be nothing; but without you, the pulsing engine, the train of Brazil would halt.

You were born at the feet of a Jesuit dream in 1554, between waters and forests, between the sacred and the untamed. You grew with the sweat of the bandeirantes, whose bravery and controversies shaped your first steps. From college to village, from village to metropolis, you traversed centuries and oceans of history. You are the cry and echo of all the eras Brazil has lived through.

In 1944, on the eve of the end of a war that changed the world, you were already home to over 1.3 million souls. Eighty years later, your womb shelters more than 12 million hearts that beat to the rhythm of your haste, your creativity, and your chaos. Here, every day is a new beginning. Here, the future arrives first.

You are the city where concrete blossoms, where the gray of architecture meets the colors of cultures. Your neighborhoods are continents, your inhabitants, worlds. From the Italians of Brás to the Japanese of Liberdade, from the northeastern migrants in the peripheries to foreigners from all corners, your people carry stories that weave the unique tapestry of your existence.

Your flag, with the motto Non ducor, duco (“I am not led, I lead”), symbolizes your essence of leadership and autonomy. And what city is this if not one of courage, labor, and resilience? The ground of a people who raise skyscrapers and build dreams simultaneously.

São Paulo, you are the land of all peoples. You are refuge and hope. You are the sound of sirens, the rhythm of machines, the endless buzz of markets. You are the night that never sleeps, the avenue that never stops. You are the graffiti that colors the walls, the samba echoing in the alleys, the poetry running through the veins of your inhabitants.

You have your flaws, O great Sampa, like any incomplete work, but it is in contrast that your strength resides. Your traffic jams are the price of your abundance. Your social challenges, the reflection of your vastness. Yet it is also in adversity that you reveal your soul, always capable of welcoming and renewing.

Thank you, Lord, for the gift of being born here, for forming our family here, watching it grow, thrive, and contribute to this soil—a constant stronghold in defense of the noblest social values, like freedom of expression and all the others that form the fundamental principles of the Brazilian family.

On this day, as we celebrate your 471 years, we bow in gratitude and admiration. For you, O São Paulo, are not just a place; you are an idea, a movement, an unfinished anthem that we all sing.

Congratulations, city of São Paulo, mother and muse of all who dwell within you.