“Historiadores estudam o passado não para poder repeti-lo, e sim para poder se libertar dele” Yuval Noah Harari
Ao olhar o cenário brasileiro neste momento que antecede as eleições gerais de outubro, com as ruas e estradas esburacadas e entulhadas de veículos, a conclusão que se chega é que o século virou há quase duas décadas e esqueceram de nos dizer.
O atraso que se vive é tamanho que aqui ainda se divide o mundo em esquerda e direita. Defende-se teorias do século XIX mesmo depois que o muro de Berlim caiu e a União Soviética deixou de existir.
Chafurda-se o País na lama da corrupção e do atraso estatista, e não se importa nem mesmo com as novas gerações que ficam jogadas a escanteio, alijadas do rico momento vivido pela humanidade.
O trânsito tumultuado e violento das avenidas, ruas e estradas é um retrato de corpo inteiro de um País que acabou refém de vossas excelências, os donos do poder.
Mas, o mundo real, aquele que admiramos mas não participamos, insiste em avançar século vinte um a dentro. Para se ter uma idéia do que está ocorrendo além de nossas fronteiras recomenda-se ler Yuval Noah Harari e seu best seller Homo Deus – uma breve história do amanhã.
O autor, um jovem nascido em 1976 é professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e Ph.D. em História pela Universidade de Oxford. Na citada obra mostra com maestria e fineza que no decorrer da História chegou-se a um ponto que a guerra tornou-se obsoleta, as epidemias foram sendo vencidas e, pasmem, a própria morte poderá ser considerada apenas um problema técnico a ser superado.
Ao se referir ao trânsito e ao transporte o autor considera que estas são as últimas gerações a se habilitarem para dirigir, uma vez que os veículos serão absolutamente autônomos e a tendência natural será o uso compartilhado de veículos. A tendência é firmar-se o transporte coletivo de qualidade, rápido, higiênico e que utiliza energia limpa. Nos países desenvolvidos o petróleo passará a ser apenas um capítulo dos livros de História. Veículos elétricos e autônomos já começam a aparecer nas ruas desses países, enquanto cidades inteiras se preparam para essa nova e revolucionária etapa da mobilidade urbana.
Enquanto isso, o Brasil obriga os seus cidadãos a pagarem impostos extorsivos e a bancar os rombos que vossas excelências, os donos do poder, fizeram na Petrobrás.
Aqui se vive em cidades apinhadas, mal administradas e caóticas, onde se enfrenta a dura e estressante rotina de ir e vir do trabalho e da escola. Segundo especialistas, as pessoas gastam em média 1/3 da jornada de trabalho só para se transportar. O resultado não poderia ser outro: reduz-se a capacidade produtiva e compromete-se o próprio futuro da Nação.
Pois é, no momento que o mundo desenvolvido vence as amarras do passado e ousa vencer barreiras, supostamente inatingíveis, o Brasil continua “formando” analfabetos funcionais. Pessoas que mesmo capacitadas a decodificar minimamente as letras e os números não desenvolvem habilidade de interpretação de textos ou de fazer operações matemáticas simples. Também é considerado desse grupo, o indivíduo maior de quinze anos possuidor de escolaridade inferior a quatro anos letivos.
As eleições estão batendo a porta e dessa vez a coisa está muito séria. O futuro está na ponta do dedo de cada um de nós, é hora de romper com o passado elegendo, criteriosamente, indivíduos que não tenham máculas nem contas a ajustar, só assim chegaremos juntos ao futuro que já começou.
(*) José Roberto de Souza Dias
Doutor em Ciências Humanas e Mestre em História Econômica pela USP, criou e coordenou o Programa PARE do Ministério dos Transportes, foi Diretor do Departamento Nacional de Trânsito – Denatran, Secretário-Executivo do Gerat da Casa Civil da Presidência da República, Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Ciências Sociais de Florianópolis – Cesusc, Two Flags Post – Publisher & Editor-in-Chief.
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