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Em tempos de discursos morais engarrafados e pedagogia anestesiada, um velho desenho da Disney reaparece como um farol inesperado. “Motor Mania”, estrelado por Pateta em 1950, é mais que um clássico: é uma aula de cidadania, de crítica social — e de trânsito.
Recentemente resgatado pelo canal Clássicos da Disney (link aqui), o curta-metragem mostra como o pacato cidadão George se transforma, ao entrar em seu automóvel, no perigoso e impaciente Mr. Wheeler. Uma sátira que, 70 anos depois, segue atualíssima.
Com ironia refinada e um traço direto, a animação expõe um comportamento comum nas cidades brasileiras: o sujeito gentil que, ao assumir o volante, se torna competitivo, agressivo, impaciente — quase um inimigo público. Pateta escancara o que muitos não admitem: que no trânsito, revelamos o pior de nós.

Mas o mérito do vídeo vai além do humor. Em poucos minutos, aborda com precisão temas como:
– o desrespeito ao pedestre,
– o desprezo pelo ciclista,
– a pressa como vício,
– o uso do carro como instrumento de poder,
– e a violência invisível que habita o cotidiano urbano.
É uma aula. E é uma pena que, por décadas, esse tipo de conteúdo tenha sido ignorado ou desvalorizado — vítima, muitas vezes, de uma cultura politicamente correta que preferiu apagar a crítica em nome da neutralidade asséptica. Felizmente, a maré começa a mudar. O próprio CEO da Disney já reconheceu o excesso e fala hoje em recuperar o equilíbrio entre inclusão e liberdade criativa.
Falo com a experiência de quem dedicou anos à paz no trânsito: fui diretor do DENATRAN, secretário executivo do GERAT da Presidência da República, presidi o Programa PARE e atuo como conselheiro consultivo do MONATRAN. E afirmo: raros materiais educativos são tão eficazes quanto este desenho do Pateta.
Não se trata de nostalgia, mas de memória ativa. Este vídeo precisa ser visto nas escolas, nos CFCs, nas campanhas públicas. Ele diverte, mas, acima de tudo, constrange — e provocar constrangimento é, muitas vezes, o primeiro passo para mudar comportamentos.
A Disney, à sua maneira, fez sua parte. Cabe a nós, agora, reaprender com Pateta. E ensinar, com coragem e clareza, que trânsito é convivência — e convivência começa com respeito.