Vim para Las Vegas há cerca de 5 anos, criei um grande afeto pela cidade e também tenho uma ampla rede de amigos brasileiros que aqui residem.
Nossa vida sempre foi muito agitada nesta cidade que vive 24 horas acordada e sempre em movimento. Casinos, bares e restaurantes funcionam, ininterruptamente, dando vida e trabalho a todos que aqui residem.
De repente tudo para, como costumamos dizer: “o mundo parou”. O que era urgente deixou de ser importante e o que tinha prioridade não tem mais, o fundamental é sobreviver, ter saúde para passar por essa tempestade e lá na frente poder continuar a vida.
Será um vírus fabricado? apareceu de repente, veio de algum animal? de algum tipo de alimento? Todas essas perguntas sem respostas não importam, o que vale é que o vírus está aqui presente, como em todos os cantos do mundo. Ficamos o dia todo no computador, WhatsApp, Instagram, milhares de mensagens, fakes e verdadeiras correm o mundo. Correntes de oração de todas as religiões aparecem para confortar e fazer milagres e por incrivel que pareça hoje são todas aceitas independentemente de credos. Todos querem se proteger e poder curar os que estao doentes.
Las Vegas, que tem como coração a famosa Strip, sempre iluminada com suas enormes telas de Led, shows dentro e fora dos casinos, está vazia, sem ninguém circulando. Casinos e hotéis totalmente apagados mostram como num mundo interligado pela comunicação digital tudo pode acontecer e desaparecer rapidamente. Às vezes penso, como tudo isso irá acabar? quanto tempo vai durar? mas também vejo a luz no fim do túnel, pois a China já está se levantando.
Não vejo motivos para os ataques à China pela epidemia, nenhum governo faria isso a seu proprio povo e mensagens de ataque e suposições não levam a nada. Disputas entre políticos dentro do seu proprio país, como está acontecendo com o Brasil, também não vão ajudar a diminuir, em nada, o impacto da doença.
Pode-se nem sempre concordar com tudo e todos mas neste momento a hierarquia tem que ser respeitada para que todos sigam uma ordem comum, e tambem os egos e vaidades sejam soterrados e se alguém, quem quer que seja, teve uma boa ideia, deu uma ordem importante, não vamos desmerecê-lo, e sim ajudar, respeitar e prestigiar.
Sinto que aqui nos Estados Unidos os políticos estão unidos e juntos lutando para que a doença não se espalhe e logo se encontre a cura.
Acho que nesta altura do mundo ninguém jamais esperava ter tempo para ficar em casa, tanto que agora ninguém sabe o que fazer com esse tempo. Desde quando ficar em casa dava ansiedade, que as crianças não sabem o que fazer, que os idosos querem sair para rua? Isso é maluquice, as pessoas não podem pensar assim, agora é aproveitar essa pausa no mundo e fazer tudo o que se planejava e não se conseguia fazer por falta de tempo e curtir cada momento, uma coisa de cada vez.
Seja em Las Vegas, São Paulo, Florianópolis ou New York, ou em qualquer outro lugar do mundo, agora sobreviver passou a ser o denominador comum para todas as nações independente de idiomas, sistemas políticos e religiões. E todo mundo está aprendendo a lição rapidinho…
Eliana Camargo é jornalista, Fundadora e presidente do Two Flags Post