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- A Dignidade do Ontem e a Reflexão sobre o Hoje –
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com 93 anos, foi internado no Hospital do Rim, em São Paulo, um hospital público ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A escolha de FHC por uma instituição pública, mesmo em um momento de fragilidade, reforça a conexão de um estadista com as raízes de um sistema de saúde que ele sempre respeitou. Essa atitude nos leva a refletir sobre a diferença entre a postura pública e a individual de líderes de diferentes tempos.
O Hospital do Rim, conhecido como HRim, é um verdadeiro centro de excelência, reconhecido nacional e internacionalmente pelo tratamento de doenças renais e pela realização de transplantes renais. Desde sua inauguração em 12 de setembro de 1998, o hospital já se consolidou como o maior em número de transplantes renais realizados no mundo nos últimos 24 anos. Essa trajetória é fruto de um projeto iniciado em 1983, quando docentes da Disciplina de Nefrologia da Unifesp fundaram o Instituto Paulista de Estudos e Pesquisas em Nefrologia e Hipertensão (IPEPENHI). Dez anos depois, o instituto foi renomeado como Fundação Oswaldo Ramos, que hoje administra o HRim como uma instituição filantrópica e sem fins lucrativos, com autonomia administrativa e financeira.
Ao contrário de seu sucessor no cargo, que tem buscado tratamento nos hospitais privados mais caros do país, Fernando Henrique nos lembra que um hospital público pode ser sinônimo de qualidade e eficiência, quando conduzido com dedicação e competência científica. Essa escolha é ainda mais simbólica considerando que FHC sempre reiterou que seu título mais importante era o de professor da Universidade de São Paulo (USP), uma instituição que também é um marco do ensino público e gratuito no Brasil.
Esse contraste entre “o hoje e o ontem” não se limita às escolhas hospitalares; ele transcende, refletindo o modo como os líderes encaram o serviço público e sua relação com a população. Enquanto o Hospital do Rim é um exemplo de como a parceria entre o Estado e a academia pode gerar frutos extraordinários, a valorização de instituições privadas em detrimento do sistema público escancara o distanciamento que se criou entre certas lideranças e a realidade da maioria dos brasileiros.
Oremos pelo Professor Fernando Henrique, desejando sua pronta recuperação. Que sua conduta seja também uma inspiração para que mais brasileiros reconheçam o valor e o potencial de nossas instituições públicas. Mais do que nunca, é tempo de reforçar a confiança em modelos que promovam a igualdade no acesso à saúde e a dignidade no tratamento. Afinal, o ontem que dignifica pode ser uma luz para o futuro que ansiamos construir.
Permitam-me, como seu ex-aluno e membro de seu governo, expressar todo o meu respeito ao docente e ao homem público com quem convivi de perto.
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The Dignity of Yesterday and the Reflection on Today
Former President Fernando Henrique Cardoso was admitted to the Hospital do Rim in São Paulo, a public hospital affiliated with the Federal University of São Paulo (Unifesp). FHC’s decision to seek care at a public institution, even in a moment of personal vulnerability, underscores the connection of a statesman to the roots of a healthcare system he has always respected. This act prompts reflection on the contrast between the public and personal stances of leaders from different eras.
The Hospital do Rim, known as HRim, is a true center of excellence, recognized nationally and internationally for its treatment of kidney diseases and its expertise in kidney transplants. Since its inauguration on September 12, 1998, the hospital has become the global leader in the number of kidney transplants performed over the last 24 years. This remarkable achievement is the result of a project initiated in 1983, when faculty members from Unifesp’s Nephrology Department founded the São Paulo Institute for Studies and Research in Nephrology and Hypertension (IPEPENHI). Ten years later, the institute was renamed the Oswaldo Ramos Foundation, which today manages HRim as a philanthropic, non-profit institution with administrative and financial autonomy.
Unlike his successor in office, who has sought treatment at some of the most expensive private hospitals in the country, Fernando Henrique reminds us that a public hospital can be synonymous with quality and efficiency when run with dedication and scientific competence. This choice is even more symbolic given that FHC has always reiterated that his most cherished title is that of professor at the University of São Paulo (USP), an institution that stands as a cornerstone of public and free education in Brazil.
The contrast between “yesterday and today” goes beyond hospital choices; it transcends, reflecting how leaders perceive public service and their relationship with the people. While the Hospital do Rim exemplifies how partnerships between the state and academia can yield extraordinary results, the emphasis on private institutions over the public system lays bare the widening gap between certain leaders and the reality of most Brazilians.
Let us pray for Professor Fernando Henrique, wishing him a swift recovery. May his conduct serve as an inspiration for more Brazilians to recognize the value and potential of our public institutions. Now more than ever, it is time to restore trust in models that promote equal access to healthcare and dignity in treatment. After all, the dignity of yesterday can illuminate the future we aspire to build.
Allow me, as his former student and a member of his administration, to express my utmost respect for the professor and public figure with whom I had the honor to work closely.