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Uma reflexão sobre o poder invisível que ameaça a alma das nações
“Tudo o que é oculto será revelado.” (Lucas 8:17)
Poucas forças foram tão persistentes e corrosivas na História recente quanto o poder invisível que opera à margem da lei. Este não é apenas um delito: é uma engrenagem econômica mundial que se alimenta da fragilidade moral, da impunidade e da omissão política. É o lucro sem ética, o poder sem limite, a exploração sem remorso. Nenhum outro empreendimento humano gera tanto dinheiro com tão pouco investimento, sem impostos, sem controles e sem fronteiras. Nenhum outro produz tanta destruição silenciosa.
As nações vulneráveis tornaram-se o terreno fértil dessa estrutura. O solo que abriga as sementes e folhas de uma economia ilícita é o mesmo que guarda comunidades inteiras dominadas pelo medo. São territórios deixados à própria sorte, onde a ausência do Estado permitiu que a força substituísse a justiça. Mas o mal não se limita aos países produtores, se espalha pelos corredores de passagem e pelos grandes centros consumidores, onde a demanda alimenta o ciclo e a hipocrisia disfarça a tragédia.
O México é o retrato brutal dessa engrenagem, onde cidades inteiras se curvam diante de poderes paralelos. E o Brasil, em sua dor cotidiana, é o espelho dessa realidade, ao mesmo tempo caminho, refém e campo de batalha. Das fronteiras da Amazônia às periferias do litoral, das favelas às avenidas, a geografia do medo se confunde com a geografia da pátria. A cada esquina, um domínio, a cada domínio, uma bandeira, a cada bandeira, uma vida interrompida.
A mutação mais profunda, porém, começou quando o ilícito atravessou o muro da clandestinidade e vestiu o traje da respeitabilidade. O dinheiro sem origem clara virou empresa, construtora, fundação, ong, conglomerado midiático e fundo político. Descobriu-se, também, que conquistar corações e mentes é mais rentável do que dominar territórios.
No Brasil, essa infiltração já não se disfarça. A retórica que transforma o agente da lei em vilão e o transgressor em vítima inverteu o sentido da justiça e desmoralizou o combate à ilegalidade. Parte da mídia, militante travestida de compaixão, fez da narrativa uma arma. Uma operação legítima vira massacre, um infrator neutralizado vira símbolo, e o cidadão sitiado é culpado por desejar segurança. Enquanto isso, os verdadeiros senhores do poder, protegidos por gabinetes e fortunas, assistem impassíveis ao caos que ajudaram a financiar.
Os confrontos recentes em território nacional não são episódios isolados. São capítulos de uma guerra moral entre dois Brasis: o real e o oficial. De um lado, servidores públicos que arriscam a vida para resgatar o que resta da soberania em zonas dominadas. De outro, uma máquina política e midiática que reduz a tragédia humana a números e slogans. O confronto das ruas é o reflexo de um confronto espiritual: a luta entre o certo e o conveniente. A sociedade precisa escolher entre o direito à vida e a cumplicidade com o erro, entre o Estado de Direito e o estado do medo.
O comércio ilícito é o coração pulsante da corrupção, da violência e da miséria que corroem o país. Este financia o vício e o voto, o discurso e o desvio, a propaganda e o poder. Enquanto jovens morrem nas vielas por migalhas, os chefes desse sistema negociam contratos, influenciam decisões e discursam sobre justiça social.
O combate a esse sistema exige mais do que armas. Exige coragem moral, política e intelectual. Exige romper o pacto silencioso entre os que se dizem progressistas e os que lucram com a degradação humana. A liberdade, a cultura e a fé estão sendo contaminadas pela mesma substância que circula nas veias da economia oculta.
Certamente, a sociedade brasileira caminha para reencontrar a força da repulsa moral e restaurar a dignidade e a alma do povo brasileiro.
Two Flags Post, Edição Internacional


