A Avenida Paulista é mais que uma via de concreto, é um lugar onde o tempo se mistura com o futuro, onde a cidade se revela ao mundo como laboratório de ideias, culturas e tecnologias. No coração dessa avenida que nunca dorme, a FIESP abriga hoje uma das exposições mais instigantes já apresentadas em solo latino-americano. Seu nome é SYNTHETIKA, e seu propósito vai muito além da arte, ela nos convida a pensar o que está por vir.
Organizada por Ricardo Barreto, curador do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, a mostra propõe um olhar direto sobre a nossa época, um tempo em que a criatividade humana começa a dividir espaço com a máquina. Já não se trata apenas de pintar quadros, compor músicas ou escrever poemas. Agora estamos diante de uma nova forma de criação, feita a quatro mãos, entre pessoas e inteligências artificiais.
Esse fenômeno não é futuro, é presente, e está mudando tudo, a maneira como criamos, como nos emocionamos e até como definimos o que é arte.
Ao caminhar pelos painéis da exposição, o visitante percebe que a arte deixou de ser um gesto solitário. Tornou-se um diálogo. As imagens parecem ter vindo de outro planeta ou talvez de um laboratório digital onde algoritmos, comandos e criatividade se misturam. Há ondas coloridas que lembram galáxias, explosões de luz que parecem emoções codificadas. Mas por trás de cada forma há um processo novo, o artista e até o visitante da exposição , aciona comandos, a máquina interpreta e devolve imagens surpreendentes. É a arte nascida da conversa entre cérebro e silício.
Essa convivência com o artificial, longe de ameaçar a criatividade, está abrindo novos caminhos. As inteligências sintéticas não são apenas ferramentas, mas parceiras. E com estas surge uma arte que não imita o passado, mas mostra o que ainda não havia sido revelado.
É isso que SYNTHETIKA propõe, pensar a arte como espelho de um tempo em que tudo está se transformando. O curador usa uma expressão inspirada na filosofia, Zeitsynthetik, o tempo do sintético. Um tempo em que os algoritmos entram no palco da cultura e as máquinas passam a colaborar na criação de sentidos. Talvez estejamos testemunhando o nascimento de uma nova linguagem, nem só humana, nem só artificial, mas algo no meio do caminho, algo híbrido, vibrante, inesperado.
E São Paulo é, sem dúvida, o lugar certo para esse nascimento. Nenhuma outra cidade do Brasil, e poucas no mundo, reúne tantas culturas, pulsa com tantas ideias e abriga tantas contradições quanto a capital paulista. A exposição não poderia estar em outro endereço senão na Avenida Paulista, essa artéria simbólica onde tudo se encontra, do protesto, à luta pela liberdade de expressão, à poesia, do concreto ao digital.
SYNTHETIKA é mais que uma exposição, é uma pergunta aberta, como será a arte quando os humanos não forem mais os únicos a criá-la? E mais ainda, o que nos torna humanos nesse novo cenário?
A resposta talvez não esteja nos livros, está nas paredes da galeria.
Calendário e detalhes da exposição
A mostra está em cartaz na Galeria de Arte do Sesi, no edifício da FIESP, localizado no número 1313 da Avenida Paulista. A entrada é gratuita e a exposição segue aberta ao público de terça a domingo, das 10h às 20h, até o dia 27 de outubro de 2025.
Curadoria: Ricardo Barreto
Organização: Festival Internacional de Linguagem Eletrônica – FILE
Classificação indicativa: Livre
Local: Avenida Paulista, 1313 – São Paulo – SP