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A Mordaça Invisível – The Invisible Gag – La Mordaza Invisible

sexta-feira, junho 6, 2025
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A Mordaça Invisível: Quando o Controle Se Disfarça de Cuidado

Há momentos na história em que os sinais são sutis, quase imperceptíveis — mas não por isso menos ameaçadores. Vivemos um desses tempos. Sob o véu do combate à desinformação, uma perigosa engenharia de silenciamento começa a ser moldada. Não se decreta o fim da liberdade de expressão — seria ruidoso demais. Em vez disso, ela vai sendo lentamente esvaziada, regulada, reinterpretada por mãos que deveriam apenas aplicá-la, não moldá-la.

A justificativa é sempre nobre: proteger a sociedade do caos informativo. Mas por trás do discurso moralizador, o que se instala é o velho desejo de controlar a narrativa, de definir o que é verdade aceitável — e de punir o que escapa à cartilha oficial. Para isso, tenta-se substituir o debate plural pela curadoria de opiniões, vestida com toga e sustentada por algoritmos silenciosos.

É aí que mora o perigo. A fronteira entre responsabilidade e censura, já tênue por natureza, vai sendo apagada em nome da estabilidade. Quando quem julga também passa a legislar, e quando a lei começa a se dobrar ao gosto de interpretações momentâneas, a República cambaleia — e a liberdade, essa que deveria ser o pilar de tudo, vira cláusula de rodapé.

O precedente que se cria não é jurídico. É cultural. O medo de falar, o receio de expor uma ideia, o cálculo antes de um comentário — todos esses são sintomas de uma sociedade em alerta. E, quando o silêncio começa a parecer mais seguro que a palavra, algo precioso já nos foi tomado.

Em países onde esse caminho já foi trilhado, sabe-se bem como termina. Chamaram de “democracia guiada”, de “regulação responsável”, de “defesa da ordem pública”. Os nomes são sempre aceitáveis. Mas o resultado é invariavelmente o mesmo: o pensamento vigiado, a opinião reprimida e o cidadão transformado em espectador obediente.

O que se desenha hoje é mais do que uma política de contenção: é uma pedagogia da submissão. Ensina-se que pensar diferente pode ser perigoso, que questionar é sinônimo de atacar, que liberdade é um privilégio — e não um direito.

Mas ainda há tempo. Ainda temos o dever de reagir, com firmeza e com palavras. Não com gritos, mas com clareza. Não com ódio, mas com coragem. A liberdade de expressão é o único termômetro que mede a saúde real de uma democracia. Quando ela falta, o que vem depois já não é mais silêncio — é conivência.

Não se trata de defender o caos, nem de proteger irresponsáveis. Trata-se de defender o direito de cada cidadão ser mais do que uma voz domesticada. De garantir que, mesmo quando erramos, possamos continuar falando — aprendendo, corrigindo, discordando.

Porque calar em nome da ordem é a primeira lição dos regimes que aprendem a dominar antes de convencer. E porque, no fim, a verdadeira desinformação é aquela que nos faz acreditar que é preciso abrir mão da liberdade para sermos protegidos

The Invisible Gag: How a Democracy Risks Becoming a Monologue

Something disturbing is unfolding in one of the world’s largest democracies. Under the noble banner of fighting “disinformation,” high courts in Brazil are moving to reinterpret — and effectively restrict — freedom of expression on digital platforms.

While elected legislators remain sidelined, unelected bodies now debate rules that would make online platforms liable for user-generated content even before any judicial review. Behind the legal jargon lies a dangerous shift: power is migrating from public debate to institutional control.

What’s being normalized in Brazil is not a defense against chaos — it’s a slow, calculated tightening of the flow of speech. The chilling effect is already real: journalists, creators, ordinary citizens now ask themselves whether a single post could trigger investigation or censorship.

This is not a theoretical threat. It’s a mirror of what has long occurred in countries like Venezuela, China or Iran — where speech becomes permissible only if it aligns with the dominant narrative.

Brazilians are waking up to the fact that when the power to speak freely is conditioned by fear, algorithms, or opaque rulings, democracy ceases to be a chorus and begins to sound like a monologue.

It is not too late — but the alarm bells are ringing.

La Mordaza Invisible: Cuando la Democracia se Convierte en un Monólogo

Algo preocupante está ocurriendo en Brasil, una de las democracias más grandes del mundo. Bajo el argumento de combatir la “desinformación”, ciertas esferas del poder judicial están impulsando medidas que amenazan directamente la libertad de expresión en el entorno digital.

Mientras el Congreso, elegido por el pueblo, permanece al margen, son ahora tribunales los que debaten y aplican reglas que responsabilizarían a las plataformas por el contenido publicado por sus usuarios, incluso sin orden judicial previa. Detrás de este movimiento jurídico hay algo más profundo: el control del discurso público.

Lo que se presenta como defensa del orden, en realidad abre paso a un modelo de vigilancia del pensamiento. Periodistas, ciudadanos y creadores comienzan a sentir que cualquier opinión puede ser malinterpretada o castigada. No se trata de teorías: es lo que ya sucede en regímenes donde solo se puede hablar si se repite lo aprobado.

La democracia no se rompe de un día para otro. Se erosiona. Se acostumbra. Se domestica. En Brasil, esa erosión está en curso, y quienes aman la libertad deben alzar la voz mientras todavía se puede.

Aún estamos a tiempo. Pero el reloj ya comenzó a correr.

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